segunda-feira, 4 de maio de 2015

"Que hambúrguer queres?". Ela nunca soube o que queria, ele era sempre tão seguro das decisoes que tomava. Ela queria ser crescida mas sentia-se sempre tão pequenina. Mantinha o quarto arrumado até ter de escolher a roupa para sair, mantinha as ideias arrumadas até ter de tomar uma decisão.  Ele tinha a vida dele tão organizada, cada coisa tinha um lugar próprio,  como num museu. Tudo na vida dele tinha alarme, tudo o que ela tocasse, movesse, mudasse. Todos os seus movimentos entoavam os alarmes. Logo ela que sempre foi desastrada.  Ela nunca sabia onde queria ir e aos vinte anos ainda nao sabia o que queria ser quando fosse grande. Ela nunca era muito grande, era um metro e meio de indecisões e ingenuidades. Ele era sempre grande demais. Talvez por isso tivesse sido amor a primeira vista. Ela desorganizava a vida dele e ele organizava a dela, e de alguma forma que só a magia conhece, funcionava. Ela sabia o que não queria. E ele sabia o que queria. Ele conduzia, ela sabia o caminho. Ela era a heroína das pequenas conquistas dele, como quando arranjava algo que ele partiu ou no meio das tarefas infinitas tinha tempo de comprar o bolo preferido dele. Ele era o heroi da vida dela,  talvez por ela ter uma aptidão natural para donzela em apuros.  Podia ser uma mulher responsavel que ia fazer as compras sozinha ao supermercado, mas era a menina que se esquecia do multibanco ou das chaves de casa sempre que saía.  Ela fingia nao precisar dele, ele adorava precisar dela.
"Estou indecisa, vais comer qual? Sabes que tenho sempre inveja do teu"